domingo, 24 de julho de 2011

Cativos

Ele já estava velhinho, doente e a gente já esperava. Também dava trabalho. Por isso, não achei que fosse ficar tão triste quando ele morreu. Mas fiquei. Era um pedaço da minha infância, da adolescência, amigo de histórias engraçadas e causos. Mas o que mais doeu foi pensar que eu, fora de casa, tinha a minha vida, mas ele não. Pensar que todo seu amor e amizade eram para nós, mas que não poderiam ser mais para mais ninguém.
E me pergunto que direito temos nós de manter um animal em nossas casas desse jeito? Nós cuidamos bem, alimentamos e damos carinho, mas tiramos dele a liberdade. Eu sei que essa é uma discussão apenas retórica, que não dá para criar nossos animais soltos por aí, porque construímos um mundo muito perigoso até para nós mesmos. Também sei que não tê-los não vai resolver nada (principalmente se eles foram adotados e não comprados, o que eu defendo) e pode até atrapalhar, pois com mais animais soltos nas ruas, os riscos de sofrerem maus tratos, atropelamentos etc, é muito maior. Mas é um peso que vamos continuar a carregar, todos, como espécie que mantém presos até os seres que ama.

Um comentário:

Sarah disse...

muito triste... outro dia quando vimos o gato da veterinária que vivia no consultório preso em uma gaiola minha mãe comentou sobre a liberdade dos animais: "acho que eu preferiria ter a liberdade das ruas que a segurança da gaiola". Concordo com ela... mas nossa gatinha se foi, nem bem tinha começado a experimentar o mundo e no primeiro cio fugiu... ficamos com um buraco no coração...