segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Feliz ano novo

Lembro que eu estava deitada no banco de trás do carro (eu podia me esticar inteira ali), olhando o céu correndo por entre a fiação. Eu tinha uns cinco anos e minha mãe estava indo fazer compras com minha tia. Elas conversavam e faziam preparativos para o fim do ano. No banco de trás, eu ia sendo tomada pela ansiedade, não entendia como elas não se davam conta do que estavam fazendo. E depois que o ano acabar, meu Deus??? O que vai ser de nós sem o ano?

1988 acabou (ou 1989, não importa, os dois acabaram). E eu fui descobrindo que depois de um ano sempre vinha um outro. Que aquele fim de ano não significava o fim do tempo, mas apenas o fim daquela marcação temporal. Minha angústia de fim de ano, porém, continuou e me visita regularmente em dezembro.

Então eu não gosto muito de fim de ano, mas não pelos motivos que acho que a maioria das pessoas que não gosta não gosta. Eu não sou daquelas que acha uma babaquice ter que se reunir em família, não, eu gosto dessa parte, eu adoro natal. Até relevo os excessos dessa época. Mas quando chega o ano novo...

O problema começa com aquela sensação de... nossa, já estamos em dezembro! Nossa, já estamos no fim do ano! Já estamos no fim do ano e eu ainda não fiz nada da vida. Já estamos no fim do ano e eu ainda sou a mesma de sempre, e eu ainda estou tentando fazer só alguns dos meus planos para este ano, que são os mesmos do ano passado. E do outro. Tem também aquele medo do incerto que virá. E vem (todos os dias e não apenas uma vez por ano).

Há ainda as retrospectivas... Aquelas tragédias que já nem lembrávamos mais, todos que não completaram o ano com a gente. Além do espanto com o que aconteceu sem que tivéssemos visto. Onde eu estava que perdi o ano que passou?

Por fim, me incomoda o comportamento das pessoas. Ficam todos loucos, fazem planos de farras e festas e bebedeiras de fim de ano como se o mundo fosse mesmo acabar. São tomados por uma alegria eufórica e tudo parece diversão sem fim. E eu invejo essas pessoas! Eu queria me sentir assim também, fazer igual a eles e ir eufórica para festas eufóricas. Mas sei que não vou conseguir (mesmo que minhas viradas sejam boas).

Mas entra janeiro e logo a vida nos toma de assalto outra vez.



PS: Desculpem a lenga lenga toda. Apesar dela, desejo de verdade um ótimo ano novo para todas nós!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu queria escrever aqui, eu estou com várias ideias na cabeça e algumas na gaveta... Mas eu não posso, porque eu tenho textos para escrever oito horas por dia e outros para fazer nas tantas horas da noite ou dos finais de semana. A máquina de escrever.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Resenha: O nascimento da medicina moderna/O nascimento do hospital – Foucault

Se olharmos para o capitalismo e suas relações de mercado, podemos ser tentados a concluir que a medicina moderna é individual, isto é, centrada no indivíduo e na relação médico-paciente. Mas Foucault demonstra justamente o contrário. A medicina moderna é social, ou seja, coletiva, e sua origem pode ser dividida em três vertentes: medicina de estado, na Alemanha; medicina urbana, na França; e, medicina da força de trabalho, na Inglaterra. Vale ressaltar que essas três vertentes nasceram com as necessidades e os recursos da época e local.
O mesmo podemos afirmar do nascimento do hospital moderno, que começou com hospitais marítimos e militares, na época utilizados para burlar o controle econômico da alfândega, surgindo, assim, a primeira regulamentação sobre as inspeções dos cofres. Além disso, o soldado ficara mais caro devido à sua formação, necessitando, então, de uma transformação da finalidade do hospital, que na época não era a de produzir cura. E isso é um fato surpreendente, pois quando olhamos para os hospitais atualmente é difícil imaginar um hospital que não tenha este objetivo e não tenha médicos!
Não copie esta resenha para seu trabalho. Nos textos fica evidente também que a medicina foi e é utilizada como um instrumento de controle social, uma estratégia biopolítica a fim de diminuir tensões e manter o status quo. Um exemplo disso ocorreu na Inglaterra no segundo terço do século XIX, quando o pobre se tornou um perigo por razões políticas e por causa da cólera, além do fato de seus serviços terem se tornados dispensáveis. Um marco para a época foi a Lei dos pobres que continha a legislação médica, onde aparecia a ideia de uma assistência controlada, de uma intervenção médica capaz de ajudar a população e proteger as classes mais ricas das epidemias originadas dos pobres. A partir daí surgem ações como vacinação obrigatória.
Olhando para o caminho percorrido até aqui pela medicina, podemos ver que houve avanços importantes para a sociedade. Mas ao mesmo tempo as necessidades das populações mais pobres nunca foram o real motivo para estes avanços, fazendo com que a desigualdade social continuasse. Para mudar esta realidade, é necessária uma transformação completa das relações de poder que deveriam ser mais horizontais. Deste modo o poder não estaria concentrado em grupos minoritários, e a nossa sociedade seria mais justa e igualitária.

sábado, 25 de setembro de 2010


O que eu mais gosto ao olhar para as crianças é a sensação de que elas podem ser tudo, quando tiverem a idade... que nós temos hoje.




quinta-feira, 23 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Documentários

http://www.docverdade.blogspot.com/

Eita família enrolada sô!

Minha avó
 Antônio Emídio era um grande fazendeiro que vivia no “córgo dos Emídios” ou córrego dos Emídios que segundo meu pai seria a mesma coisa que fazenda dos Emídios. Hoje o “córgo dos Emídios” é o município de Raul Soares. Antônio Emídio se casou com Maria Caetano que foi "pega no laço", pois era índia ou cabocla, não se sabe ao certo. Entre muitos filhos Maria Caetano deu a luz a Januário e Guilhermino Emídio. Guilhermino Emídio se casou com Augusta Alves, sua prima, filha de Maria Alves. Maria Alves era feiticeira e filha de Duvirge. Dizia o mito que pra ser boa feiticeira tinha que matar um parente com feitiço, e assim ela o fez. Essa Maria Alves era figurinha difícil, tanto assim que meu avô quando brigava com a minha avó a chamava de Maria Alves, para ofendê-la. Apesar da fama ruim, após a morte de Maria Caetano, Antônio Emídio se casou com ela. Maria Alves morreu depois da filha Augusta, na casa de uma sobrinha. Minha avó disse que esse povo todo, Maria Alves, Maria Caetano, era de Alvinópolis e Garanjanga. Guilhermino Emídio era administrador da fazenda do seu pai. Mas a fazenda tinha tantas dívidas que foi para leilão. Guilhermino havia combinado com seu pai que iria arrematar a fazenda para ele, mas no dia do leilão chegou atrasado e Januário acabou arrematando a fazenda. Houve uma briga feia entre irmãos e pai. Januário chegou a sacar a arma para seu pai e disse “só não te mato agora porque é meu pai”. Antônio então respondeu: “pois esta arma será usada para você mesmo”. Anos mais tarde Januário se suicidou com um tiro no ouvido. Januário havia se casado com a irmã de Augusta Alves, Mariquinha. Januário não rezava, dizia minha avó, e traia a mulher dele com Donana, cujo marido era colono da fazenda e permitia o caso da mulher com o patrão por causa das regalias que tinha. Donana teve filhos de Januário: Jorgina e Bastião Pereira. Depois da morte de Mariquinha, Januário se casou de novo, mas se separou da segunda mulher e foi viver com a amante, que não era Donana. Como Januário arrematou todas as terras, Guilhermino foi morar em um pequeno sítio. Agora ele comprava couro para fazer cabresto para cavalo. Augusta Alves deu a luz a Geralda Joana de Jesus, minha avó. Augusta apanhava muito de Guilhermino, pois era ciumenta e o marido a traia. Sua amante era a Maria Siviana que era casada com João ou Zé Quizinho. Augusta morreu por causa de um chute que levou do marido, o local infeccionou. Apesar de ir para Belo Horizonte para se tratar, não resistiu e acabou falecendo em BH. Após a sua morte Guilhermino se casou com Jurupira, senhora da cidade. Jurupira tinha uma oficina de chapéu na cidade e vivia com seus dois filhos, Lola e Afrânio. Ela contava para o meu pai que quando via Guilhermino na cidade, com chapéu e cavalo, achava que ele era fazendeiro rico, e por isso aceitou se casar com ele. Mas após o casamento viu que a fazenda era apenas um pequeno sítio e que o rico fazendeiro só tinha dívidas, como revelou Valdemar um dos filhos de Guilhermino. Como Lola e Afrânio tinham a vida boa na cidade, não começaram a trabalhar na roça quando se mudaram com a mãe para o sítio de Guilhermino. Os filhos de Guilhermino achavam aquilo um desaforo, enquanto passavam o dia inteiro trabalhando na roça, Afrânio ficava fumando seu cigarro, o que era bem chique para a época. Quando Jupira mudou para o sítio, se desfez da oficina de chapéu e passou a fazer geléia. Lola virou professora da região e se casou com adminstrador de fazenda. Afrânio virou viajante, na verdade representante de vendas de uma firma.

Meu avô
 Chiquinha e João Vitório vieram da Itália com sua filha Antonieta Podrigue, que na época tinha 14 anos. Chiquinha e Antonieta eram muito ligadas, tanto que quando uma morreu, depois de um mês a outra morreu também. Antonieta se casou com Joaquim Soares, que nasceu em São Paulo mas foi criado em Ubá. Em Ubá, Antonieta deu a luz a Antônio Soares, meu avô. Foram ser colonos da fazenda dos Emídios. Foi lá que Antônio Soares e Geralda Joana de Jesus se conheceram. Antônio contou para meu pai que por causa de dívidas, Januário tomou a colheita inteira de Joaquim Soares.

Os dois
Antônio, além de trabalhar na roça, era carpinteiro. Quando se casou trocou uma cama que havia feito por um saco de feijão. Disse meu pai que com 1.5 hora fez outra cama. As brigas de Geralda com Antônio eram por ciúmes. Geralda tinha ciúmes de Antônio por causa de Fia, prima de Antônio. Geralda ficou grávida por mais de 20 vezes. Teve três abortos. Quatro filhos, Francisco, Afonso, Joãozinho, Paulinho, morreram aguados antes dos dois anos de idade. Tinham desinteria, dizia minha avó, e o pescoço caia. Minha avó disse que não tinha tempo de cuidar dos filhos, pois meu avô enchia a casa de colonos, e ela tinha que fazer comida etc... tinha muito serviço para fazer e as crianças acabavam morrendo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Desafio a Fernando Pessoa

Considerando que "Tudo vale a pena se a alma não é pequena",
pode-se afirmar que:

a) se a alma é pequena então nada vale a pena.
b) nada vale a pena se a alma é pequena.
c) a alma não é pequena se tudo vale a pena.
d) a alma é pequena se algo não vale a pena.
e) algo não vale a pena se a alma é pequena.

sábado, 24 de julho de 2010

Paralisia do sono


Andava na rua enxergando tudo embaçado e dizendo para todos que iria cair naquele buraco. De repente não havia mais buraco. Me encolhi no canto da parede porque alguém chegava. Em pé, diante de mim, eu mesma - reconheci pelo tênis. Olhei para aquela que era eu e pensei: estou louca, não acredito que fiquei louca. Acordei, era sonho.
Consciente, vi minha irmã estudando na cozinha. Como não conseguia abrir os olhos completamente, percebi que acontecia de novo: paralisia. Pregada na cama, eu gritava. Tentava levantar os braços chamando por ela, mas ela não fazia nada. Gritei mais e então ela olhou pra mim, disse alguma coisa que não ouvi e se virou para o livro novamente. Caramba, nem pra vir me chacoalhar! Continuei gritando e segundos depois 'desparalisei'. Somente a nitidez com que saía o nome dela e meus braços transparentes eram alucinações. O resto, realidade.

Depois que o Chaves me disse que essas paralisias têm explicação científica, e é até comum na população, não tenho tanto medo e chego a achar graça depois que tudo passa. Dizem mesmo que posso aproveitar o momento e ter boas alucinações. Da próxima vez vou tentar reproduzir meu sonho e 'sair do corpo'.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O Brasil contemporâneo

É comum nos depararmos com a seguinte afirmação: “o Brasil atual reflete a maneira pela qual foi colonizado”. Esta afirmação não é incorreta no sentido de que o Brasil foi constituido com as bases organizacionais econômicas, sociais e religiosas de diversas outras sociedades que vieram para o Brasil ou que já estavam aqui (sociedades européias, africanas e indígenas).
Ainda devemos levar em consideração os objetivos da colonização no Brasil, que servia, tão somente, como provedor de riquezas para a metrópole, sendo assim um local de extração de recursos naturais. Muitas vezes a colonização foi motivada pelo risco de perda do território, como por exemplo as invasões pelos franceses. Iniciativas de desenvolvimento, como por exemplo, do príncipe Nassau da Holanda, foram logo coibidas por Portugal.
Levando em conta a origem da nação, podemos analisar, seguindo o texto de Tavolaro*, a modernidade brasileira. Os elementos centrais da modernidade proposto por Tavolaro são:
Diferenciação /complexidade social; secularização; separação entre público e privado.
Baseados nesses elementos há uma linha de pensamento que avalia a modernidade brasileira como sendo influenciada pela herança patriarcal-patrimonial ibérica, que levaria ao aprisionamento entre o tradicional e moderno e sendo, portanto, não uma modernidade completa, mas uma semi-modernidade. Este pensamento é explicado pelos traços de personalismo e patrimonialismo na sociedade brasileira que impediriam o total florecimento dos elementos da modernidade acima citados.
Ainda há uma segunda linha de avaliação da modernidade brasileira como sendo uma modernidade periférica devido à sua dependência estrutural, causada pela colonização essencialmente explorativa. De acordo com esta linha de pensamento a modernidade brasileira teria permanecido dissociada do modelo de civilização operante das nações hegemônicas.
Tavolaro vai contra estas duas linhas de pensamentos, argumenta que os fatores, que levaram às afirmações de que o Brasil não teve uma modernidade completa , são variáveis independentes e que não levam em conta o contexto histórico em que estão inseridas. Cita que o Brasil contemporâneo é o resuldade de disputas em que certas coletividades foram capazes de fazerem prevalecer seus projetos em detrimento de outros. Ainda não podemos deixar de ter em mente que a modernidade deixou de estar confinada à fronteiras nacionais. Por exemplo, a Inconfidência mineira que teve nítida influência da Revolução francesa.
Esteriótipos devem ser evitados e os cenários políticos, como liberal-capitalista, social-democrático, capitalista-corporativo, autoritário ou totalitario, padrões de secularização e de separação entre o público e privado não podem ser qualificados como mais ou menos representativos da modernidade.

EXISTE UMA MODERNIDADE BRASILEIRA?*
Reflexões em torno de um dilema sociológico brasileiro
Sergio B. F. Tavolaro

quarta-feira, 31 de março de 2010

Song of a man who has come through

D.H. Lawrence
.
Not I, but the wind that blows through me!
A fine wind is blowing the new direction of Time.
If only I let it bear me, carry me, if only it carry me!
If only I am sensitive, subtle, oh, delicate, a winged gift!
If only, most lovely of all, I yield myself and am borrowed
By the fine, fine wind that takes it course through the chaos of the world.
Like a fine, an exquisite chisel, a wedge-blade inserted;
If only I am keen and hard like the sheer tip of a wedge driven by invisible blows,
The rock will split, we shall come at the wonder, we shall find the Hesperides.

Oh, for the wonder that bubbles into my soul,
I would be a good fountain, a good well-head,
Would blur no whisper, spoil no expression.

What is the knocking?
What is the knocking at the door in the night?
It is somebody wants to do us harm.

No, no, it is the three strange angels.
Admit them, admit them.

terça-feira, 30 de março de 2010

simplicidade voluntária

http://www.youtube.com/watch?v=IieVAMs3dMk

______________Menino

por Raffaella Picciotti
.
Caminhando pelas ruas
Em meio às tempestades.
As faces banham-se nuas,
E tornam-se majestades.

Caminha sem destino,
Pois é apenas um menino.
Pelo nada ele procura,
Só que a vida é muito escura.

Ele não teme crescer,
Só não quer sofrer.
Ele não está procurando,
Está apenas sonhando.

Foram muitas descobertas
E curiosidades despertas.
Mas enfim, ele cresceu.
E a criança, onde se meteu?

A questão ficou no ar,
Nunca foi respondida.
Ninguém quis procurar
Pela criança perdida…

terça-feira, 23 de março de 2010

Sobre a greve dos professores

"Segundo a Apeoesp, mais de 60% dos professores cruzaram os braços por um reajuste salarial de 34,3%. A secretaria [de educação do estado de São Paulo], que avisou que não concederá o aumento, calcula que 1% das escolas estejam sendo afetadas". - Folha de S. Paulo, 23/03/2010

Terceira semana de greve dos professores e tudo que a Folha consegue fazer é citar os números, totalmente díspares, apresentado pelo governo e pela Apeoesp para a adesão à greve. Isso é matéria que se apresente???