segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Impostos e impostores

Não tenho paciência para essas notícias sobre como pagamos muitos impostos no Brasil. Na última semana, com a divulgação dos novos números do “impostômetro” várias matérias foram veiculadas sobre isso, infelizmente todas iguais. As reportagens falam sobre como os impostos dos alimentos e produtos prejudicam, sobretudo, os mais pobres. E param por aí. Claro, porque os empresários interessados em difundir esses dados param por aí e poucos com poder de divulgação e questionamento parecem querer ir além.

É verdade que esses impostos prejudicam os mais pobres? Sim, mas abolir ou diminuir esses impostos também não trará prejuízos, principalmente para essas pessoas? Para equilibrar essa conta de forma justa e sustentável é necessário aumentar os impostos dos mais ricos, sobretaxar as grandes fortunas. Vamos também discutir isso na televisão?

Um dos problemas é que os impostos estão concentrados nos produtos de consumo. Segundo o Ipea, os 10% mais pobres gastam 33% da renda em impostos embutidos nos produtos, já que gastam neles a maior parte de sua renda, enquanto os mais ricos perdem só 22,7%, pois os impostos estão concentrados nos produtos de consumo, não no patrimônio ou na renda. Para reverter o quadro, porém, não basta diminuir os impostos dos produtos, precisamos aumentar os que incidem sobre a renda e o patrimônio. E mudar a distribuição atual: no Brasil, a alíquota máxima do imposto de renda, de 27,5%, é aplicada para rendas a partir de R$ 3.743,00. Ou seja, se o trabalhor@ ganha R$ 3.743,01 pagará 27,5% disso em impostos. Se sua renda for de R$ 10 mil, R$ 50 mil ou mais, também contribuirá com 27,5% de impostos. Legal, né? Fora a sonegação fiscal. A professora que está há 20 anos na rede pública, se especializou e trabalha em dois empregos para, com sorte, ter essa renda pagará o mesmo que um grande executivo. Com a diferença, que o imposto da professora já vem descontado na folha de pagamento, já o do executivo... sabe lá quanto ele vai declarar e quanto tira por fora.

A desigualdade também se repete entre os tributos das pequenas empresas e das médias e grandes. Mas quem mais reclama dos altos tributos?

2 comentários:

Sarah disse...

Muito legal Maia.
Tive uma aula sobre isso na matéria Economia Política da Saúde. Acho que já comentei com vcs. A professora, que é uma economista, dizia que era mais fácil termos uma revolução no país que termos uma reforma tributária decente. Todos passam por isso. No filme postado aqui há algum tempo "Teoria do choque", é explicado alguns dos processos que mudaram a cara dos EUA, e uma das coisas foi diminuir os impostos para os mais ricos... Infelizemente... Acho que se as pessoas começassem a ver que a distribuição de renda melhoraria inclusive a vida dela própria, acho que não seria tão apegada ao dinheiro e se permitiria pagar mais impostos. Afinal carro blindado não é certeza de continuar vivo em SP.

Anônimo disse...

engraçado também como a mídia nunca espalha os casos de corrupção dentro de importantes empresas privadas. parece que o setor privado é uma maravilha de gestão e o setor público junto com o governo, um desastre total em administrar nossos bens e por isso aumentam impostos.
argos