terça-feira, 4 de maio de 2010

O Brasil contemporâneo

É comum nos depararmos com a seguinte afirmação: “o Brasil atual reflete a maneira pela qual foi colonizado”. Esta afirmação não é incorreta no sentido de que o Brasil foi constituido com as bases organizacionais econômicas, sociais e religiosas de diversas outras sociedades que vieram para o Brasil ou que já estavam aqui (sociedades européias, africanas e indígenas).
Ainda devemos levar em consideração os objetivos da colonização no Brasil, que servia, tão somente, como provedor de riquezas para a metrópole, sendo assim um local de extração de recursos naturais. Muitas vezes a colonização foi motivada pelo risco de perda do território, como por exemplo as invasões pelos franceses. Iniciativas de desenvolvimento, como por exemplo, do príncipe Nassau da Holanda, foram logo coibidas por Portugal.
Levando em conta a origem da nação, podemos analisar, seguindo o texto de Tavolaro*, a modernidade brasileira. Os elementos centrais da modernidade proposto por Tavolaro são:
Diferenciação /complexidade social; secularização; separação entre público e privado.
Baseados nesses elementos há uma linha de pensamento que avalia a modernidade brasileira como sendo influenciada pela herança patriarcal-patrimonial ibérica, que levaria ao aprisionamento entre o tradicional e moderno e sendo, portanto, não uma modernidade completa, mas uma semi-modernidade. Este pensamento é explicado pelos traços de personalismo e patrimonialismo na sociedade brasileira que impediriam o total florecimento dos elementos da modernidade acima citados.
Ainda há uma segunda linha de avaliação da modernidade brasileira como sendo uma modernidade periférica devido à sua dependência estrutural, causada pela colonização essencialmente explorativa. De acordo com esta linha de pensamento a modernidade brasileira teria permanecido dissociada do modelo de civilização operante das nações hegemônicas.
Tavolaro vai contra estas duas linhas de pensamentos, argumenta que os fatores, que levaram às afirmações de que o Brasil não teve uma modernidade completa , são variáveis independentes e que não levam em conta o contexto histórico em que estão inseridas. Cita que o Brasil contemporâneo é o resuldade de disputas em que certas coletividades foram capazes de fazerem prevalecer seus projetos em detrimento de outros. Ainda não podemos deixar de ter em mente que a modernidade deixou de estar confinada à fronteiras nacionais. Por exemplo, a Inconfidência mineira que teve nítida influência da Revolução francesa.
Esteriótipos devem ser evitados e os cenários políticos, como liberal-capitalista, social-democrático, capitalista-corporativo, autoritário ou totalitario, padrões de secularização e de separação entre o público e privado não podem ser qualificados como mais ou menos representativos da modernidade.

EXISTE UMA MODERNIDADE BRASILEIRA?*
Reflexões em torno de um dilema sociológico brasileiro
Sergio B. F. Tavolaro

2 comentários:

Anônimo disse...

Defina modernidade, hehe... Sério, não entendi o que vc chama de modernidade. Industrialização? As ideias dominantes no séc. 18?

Anônimo disse...

eis a questão... o que é modernidade... leia o artigo indicado... talvez vc entenda melhor que eu