quarta-feira, 2 de novembro de 2011

PM e outros assuntos

Essa questão da PM no Campus da USP me levou a pensar em alternativas para o problema da segurança dentro do campus, que aparentemente é o motivo de estarem lá. Por ser mulher me sinto mais vulnerável por ter de andar sozinha à noite. Em um dos blogs de debate a respeito do assunto uma "mulher" me sugeriu sempre andar acompanhada, que é mais seguro que confiar nesses "truculentos" da PM. Fico em dúvida se foi uma mulher que falou, pois esta sugestão é típica de uma mente machista que nos vê como o "sexo frágil". Me deixa muitíssimo irritada pensar que por ser mulher não posso andar sozinha por aí como os homens, sempre dependo de alguém para me proteger. Onde está a minha autonomia??? Como posso pensar em política se antes tenho que elaborar todo um plano para ir e vir sem estar desacompanhada. Enfim, este é um outro assunto... Voltando, um dos problemas dizem que é a falta de iluminação. Como andarilha, não acredito que seja, pois mesmo numa rua iluminada, se esta for deserta a violência pode acontecer. Outro problema seria a ocupação. Mas quem vai querer ficar zanzando pelo campus à noite, se não for estritamente necessário? A população de fora da USP? Com certeza não... Uma solução seria proibir a entrada de ônibus e carros dentro do campus, assim todos os alunos necessariamente deveriam ocupar o espaço. Seria uma solução bem melhor que a PM na minha opinião. Mas quantas pessoas será que estão dispostas a abrir mão do conforto em prol de sua ideologia?? Acredito que não muitas... Um outro problema é que a maioria das pessoas não está preocupada com a violência contra a mulher, nem mesmo as próprias mulheres. Falo isso pois em 2002 houve uma onda de estupros na USP e nenhuma mobilização se quer aconteceu em prol do reforço da segurança lá dentro. Será que consideram o estupro um crime menor? Ou será que continuamos sendo menos importantes para a sociedade? Agora quando um rapaz, branco, com carro blindado, estudante da FEA morre, aí devemos passar a nos preocupar com a segurança. O que vejo é uma grande injustiça de todos os lados, todos pensando em seus próprios umbigos... tantos os estudantes contra quanto os a favor da PM... Pergunto, por que não lutar por uma nova segurança, por um projeto de lei que puna os policiais violentos etc, ao invés de lutar pela retirada deles?? Acredito que seja o caminho mais curto em vistas a autonomia da universidade, exatamente como a reitoria pensa, a PM é o caminho que dá menos trabalho para a garantia da segurança... Mas vamos continuar a repetir este padrão que criticamos tanto no governo? Por isso cada vez me decepciono mais com a luta estudantil...

3 comentários:

Priscila disse...

Ótimo ponto de vista. Muito bem lembrado da onda de estupros na USP e o desdem do DCE e da USP como um todo.

ma disse...

Gostei do post. Tenho muita coisa para comentar e, por isso, ainda não comentei. Mas aguarde!

ma disse...

Olha, vou respondendo por partes. Um absurdo a sugestão de ficar caçando companhia para não correr riscos! Quando não estou com carro, pego dois ônibus pra ir para casa em vez de um circular rápido por medo de passar naquelas ruas escuras... Proibir veículos e ônibus na USP com aquele tamanho acho complicado. Em cursos noturnos com muitos alunos poderia ajudar, mas outros são pequenos, as aulas não acabam sempre na mesma hora e se vc não estuda à noite, também tem o direito de ficar estudando até mais tarde na biblioteca. Acho que patrulhamento nas ruas mais isoladas e perigosas seria essencial, porque apesar de inúmeros casos de roubos e tal nunca vi seguranças nas ruas de acesso à Vila Indiana, por exemplo. O que se fala muito sobre acesso da comunidade às escolas, e acho que se aplica à universidade, é que quando a comunidade sente que aquele espaço também é dela, porque ele usa alguns dos serviços, das áreas de lazer, etc, diminuem os ataques e depredações. Porque em vez de se sentirem excluídos, participam e veem como aquele espaço é importante para eles. E os resultados costumam ser bons, mesmo em escolas de regiões violentas e até dominadas pelo tráfico. Não é uma medida única que vai resolver um problema tão complexo sozinha. Enfim...