terça-feira, 29 de março de 2011

Um dia o dia ficou cinza. Ficou cinza e não voltou mais.

Não era aquele cinza claro que precisa quase fechar os olhos para não entrar poeira. Nem aquele meio azul, frio, de ares do norte. Também não era o cinza grafite, forte, dramático. Era um cinza cinza que veio e não se ia.

E não adiantava esperar mais. Era preciso colorir o dia - folha a folha. E plantar flores no asfalto.

Aí foi preciso criar, fazer essa beleza imperfeita que precisa ser reconstruída todos os dias e mais de uma vez por dia. Perdeu-se o encanto natural das coisas simples que nascem prontas e restou-nos essa outra beleza, exigente e cansativa, mas que tem a graça de ter sido feita por nós.

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